Peso digital chileno precisaria trabalhar offline, diz presidente do Banco Central
A moeda digital do banco central do Chile (CBDC) precisaria aceitar pagamentos offline, disse o presidente do banco central em um evento na terça-feira. A governadora Rosanna Costa prometeu um documento de política sobre o assunto no final desta semana, mas acrescentou que nenhuma decisão final foi tomada sobre a emissão de um formulário digital do peso chileno. “
O que estamos analisando é a possibilidade de que nosso CBDC também possa ser usado para pagamentos em casos em que não há conectividade, por exemplo, em áreas rurais”, disse Costa, segundo reportagem da Reuters. O Chile vem explorando a possibilidade de emitir uma moeda digital desde 2018, e os comentários de Costa surgem no momento em que o banco central procura atualizar sua estrutura de política monetária.
O peso chileno é atualmente a única moeda na América do Sul que não está atrelada ao dólar americano, e Costa disse que o banco central está “muito atento” aos desenvolvimentos nos planos de CBDC de outros países. Ela acrescentou que o banco também está monitorando as iniciativas do setor privado no espaço. “Estamos muito abertos a aprender com as experiências de outros países, bem como com as experiências que estão sendo realizadas no setor privado”, disse Costa.
Os comentários do presidente do banco central ocorrem poucos dias depois que o chefe da bolsa de valores do país anunciou planos de lançar uma plataforma de moeda digital. A Bolsa de Valores de Santiago (SSE) informou que a plataforma, chamada Digital Currency Exchange (DCE), seria usada para negociar uma série de ativos, incluindo criptomoedas.
A SSE disse que a plataforma seria aberta a investidores de varejo e institucionais e que usaria a tecnologia blockchain para registrar transações. A bolsa acrescentou que a plataforma seria regulada pelo regulador financeiro chileno, a Superintendência de Valores y Seguros (SVS).
Embora o anúncio da SSE tenha sido recebido com algum ceticismo, é claro que há interesse em lançar uma moeda digital no Chile. E, como disse o governador Larrain, qualquer moeda desse tipo precisaria funcionar offline.
O peso chileno foi uma das moedas com pior desempenho este ano, perdendo cerca de 15% de seu valor em relação ao dólar americano. O banco central do país vem tentando sustentar a moeda vendendo dólares e comprando pesos no mercado de câmbio.
Uma pesquisa recente do BIS mostra que 9 em cada 10 bancos centrais estão analisando como lançar seus ativos virtuais. A principal razão era poder competir com empresas como bitcoin.
A CBDC deve “operar online e offline”, disse Costa em um evento organizado pelo banco nacional suíço, acrescentando que a tecnologia para fazê-lo “não era necessariamente eficiente hoje”.
O sistema deve “permitir que as autoridades rastreiem a transação posteriormente”, protegendo os dados pessoais, disse Costa.
Em jurisdições como a União Europeia (UE), as autoridades estão considerando como equilibrar a capacidade de fazer transações discretas em dinheiro com a necessidade de rastrear atividades financeiras ilícitas.
De acordo com Costa, o uso de dinheiro no Chile caiu drasticamente nos últimos anos e agora é cerca de 3% de todas as transações, abaixo de cerca de 20% há uma década.
Em uma entrevista, Costa disse que o melhor modelo para uma versão digital do peso chileno provavelmente seria aquele que funciona offline, semelhante ao e-franc que está sendo desenvolvido pela Suíça, que também está analisando como reduzir sua dependência de dinheiro.
Embora o peso chileno não seja uma moeda de reserva como o franco suíço, seu banco central vem acumulando gradualmente reservas cambiais, que atingiram um recorde de $65 bilhões em setembro.
Costa disse que o banco central está monitorando os desenvolvimentos em outros países, mas não tem planos imediatos de lançar sua própria moeda digital.
“Estamos acompanhando com interesse o que está acontecendo em outras jurisdições, mas não tomamos nenhuma decisão sobre isso”, disse ele. “Acho que ainda é cedo.”